20 de dezembro de 2010

Ciclo vicioso



Não me lembro bem o dia certo, mas já passava das doze horas, e os alunos estavam saindo do colégio - inclusive eu. A principio foi um dia banal, mas ao olhar aqueles olhos castanhos - que só vim perceber que eram castanhos a pouco tempo - tinha a certeza de que eles seriam meus.
A ansiedade de conhecer aqueles olhos, possuía a minha mente. E em meados de maio, pude sentir pela primeira vez o calor e a pressão dos seus braços me envolvendo. Um dia inesquecível - pelo menos para mim.
As coisas pareciam estar indo melhor do que eu imaginava, até um amigo em comum entre a gente, naquela época, informar que ele iria morar em outra cidade, e que seria em breve.
Não podia ser verdade. Eu tinha que fazer alguma coisa. Mas O QUE? Um ar de impotência me cercava, e eu já estava completamente apaixonada. Conversar com ele - o menor tempo que fosse - era muito bom, porém, nunca o suficiente. Ele iria embora quando... nos vimos outra vez.
Tudo aconteceu muito rápido. Era uma tarde de Junho e muita coisa se passava na minha mente, mas eu só via uma coisa na minha frente - ele - e nada mais importava agora.
Eu não sabia, mas a partir daquele momento, ele se tornou a minha unica excessão. Naquele dia, o relógio parecia estar com pressa, a hora passou que nem se percebeu. E logo tivemos que nos despedir. Eu ainda tinha esperanças de revê-lo antes de sua partida, mas nada disso aconteceu.
Eu não suportei - estava apaixonada - estava com raiva, e chorei, chorei muito. Era noite - cedo, mas o céu estava nublado - e de alguma forma, não sei como, de repente e pela primeira vez, vi uma estrela cadente. Eu não acredito muito nessas coisas, mas fiz um pedido: pedi para que ele ficasse.
Pedido tolo, de nada adiantou - lágrimas e birras - todas em vão. Ele se foi e nada pude fazer para impedir meu amor.
Cheguei a me envolver com outras pessoas, mas ao pensar na possibilidade de vê-lo outra vez...Ah, esquecia do mundo!
Cinco meses se passaram, e aquele - que eu considerava o meu garoto - voltou para comemorar seu aniversário por aqui.  E tinha deixado um recado pedindo para me ver. Não exitei em nenhum momento, era minha única chance de vê-lo e não sabia quando iria acontecer novamente.
Olhar naqueles olhos, sentir seu abraço, ouvir a sua voz tentando me convencer de coisas e poder beijá-lo era tudo o que eu queria. Mais uma vez ao passar por aquele portão, só aquele momento importava, só e nada mais E quando a história se repetia mais uma vez, tivemos de dizer adeus.
Me senti disposta a respeitar o meu amor. Durante dez meses, me assegurei de qualquer relacionamento. Dez meses imaginando vê-lo novamente. Dez meses sonhando como seria se ficássemos juntos. Dez meses me contentando com o pouco contato, que me fazia um bem muito grande.
Um dia me disseram, que é só falar dele que os meus olhos brilham - e eu acredito, porque do jeito que o meu coração descompassa...
Uma vez ele comentou que se da próxima vez não me encontrasse, não saberia o que fazer - como não acreditar numa coisa dessas? E por mais que seja mentira, eu amo a maneira como você mente.
O mais importante, TERIA UMA OUTRA VEZ! - e ele queria me ver. E eu mais que tudo.
Marcamos várias vezes, mas nunca dava certo. Minhas mãos suavam, sentia calafrios pelo meu corpo, meu coração acelerava e perdia o ritmo.
Eu decidi que se eu não fizesse alguma coisa, não poderia vê-lo - o meu amorzinho.
Corri riscos por ele, e o mais rápido possível, cheguei onde ele estava. Aqueles olhos castanhos, o ouro daquele cabelo, o vermelho natural daquela boca - não acreditei que estava ali.
É como um fenômeno na minha vida, que acontece uma vez no ano - que me deixa tão feliz e nostalgiada que parece que nada pode acabar com esse sentimento: nem a distância, nem outra garota.
Mas o meu amor - se é que isso é amor - é tão grande, tão grande, que suporta tudo por ele. Mesmo que só parta de mim, mesmo que só exista em mim. De alguma forma eu estou na vida daquele garoto, e de todas as formas ele está na minha.
O "the end" sempre acontece, mas o "era uma vez" sempre volta.

Dominique Melo

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