“ Hoje é o meu ultimo dia aqui em Manhattan, e posso dizer que foi inesquecível. Já me familiarizei, fiz novas amizades e encontrei um grande amor: ele se chama Paul (se fala ‘Pôw’), é do tipo perfeito, nos encontramos sempre e estamos juntos a algum tempo - mas estou com saudades de casa – ainda não contei que estou voltando para casa – não quero me separar dele – vou tentar dizer isso à ele hoje, e dizer também que eu o amo muito e que voltarei em breve para vê-lo novamente. Quem sabe ele possa ir visitar o Brasil ”.
No mesmo dia Fernanda foi à procura de Paul para se despedir, mas sua família informou que ele havia feito uma viagem inesperada a trabalho - ela sentia que estava deixando uma parte sua ali – disse que estava voltando para o seu país e pediu para que avisassem ao Paul, e quando ela chegasse ao Brasil se comunicaria, pois seu vôo sairia a poucas horas.
Já no Brasil, a família de Fernanda também não sabia da sua vota – foi uma surpresa e tanto – até o seu antigo namorado ficou feliz em vê-la novamente.
Por alguns momentos Fernanda parecia ter esquecido Paul – tão distante agora.
“Quero voltar” – pensava Fernanda – “poderia ter esperado para dizer adeus” .
Ela estava se arrependendo – e como. Seu grande amor, de momentos inesquecíveis e perfeitos. Abandonado em outro continente.
Por duas semanas, Fernanda passou dia após dia, ligando para Paul, enviando e-mails e toda forma de comunicação possível – mas toda tecnologia do mundo parecia inútil – Paul não atendia as ligações , nem respondia suas mensagens.
Cada dia que passava a culpa dominava a mente de Fernanda: “eu deveria ter contado antes, não iria ser para sempre”.
Se passaram três meses e Fernanda não desistiu de falar com Paul, quando recebeu uma ligação, e uma voz em soluços, pedia desculpas pela demora – um fio de esperança reluzia dentro da garota – e depois a bomba: o Paul sofreu um acidente na volta da viagem – mais soluços – e não resistiu. A voz ainda disse: “ele te amava muito garota”. PI...PI...PI... a ligação caiu.
Fernanda soltou o telefone deixando-o cair no chão, e o seguiu, dobrando-se sobre os joelhos. Chorou muito e lamentou a perda do seu amor. Os dias pareciam longos e dolorosos. Fernanda recordava os momentos, observando as poucas fotos e desmoronava em lágrimas.
Naquela noite, Fernanda sonhou com Paul: eles estavam num parque de Manhattan, numa tarde de outono. O rapaz dizia o quanto a amava, e ela o mesmo. O demorado beijo, que foi capaz de fazer a moça sentir a força em seus lábios, mostrava o enorme laço de amor que ainda existia, apesar da distância – agora inalcançável.
Dominique Melo
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